Peça
importante do jornalismo curvelano
Com décadas de
carreira, Newton Vieira, autor de diversos livros, conta sua
trajetória
no jornalismo, fala de seus projetos e de sua paixão pela Portela
Por André Correia
Um grande escritor, com seis livros publicados, mais de 100 vezes premiado por seus poemas, contos e trovas, membro de diversas associações literárias, entre elas, a Academia de Letras do Brasil, de Mariana/MG, Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais (Amulmig), Academia Cordisburguense de Letras "Guimarães Rosa", de Cordisburgo/MG, colunista do jornal O Sinal, em Curvelo/MG, e assessor de diversas instituições da região, este é Newton Vieira, cuja vida foi dedicada à comunicação e valorização dos talentos do centro de Minas. Em entrevista concedida em sua casa, num fim de tarde de sábado, com trilha sonora que varia de LPs de Elizeth Cardoso a sinfonias e óperas, Newton fala do seu início no jornalismo, de seus trabalhos recentes e do que acha essencial para o jornalismo curvelano. O jornalista também fala sobre o papel das redes sociais na comunicação atual, relembra o grande amigo Delém, falecido em abril, e também da sua paixão pelo carnaval e pela Portela.
André Correia: Quando você começou a trabalhar na área da comunicação?
Newton Vieira: Eu comecei a trabalhar na área da comunicação praticamente em criança, meu pai era funcionário do DER e minha mãe sempre foi dona de casa, e o DER tinha um clube onde aconteciam muitas atividades, e a principal delas era o futebol. Eu nunca dei certo no futebol. Um dia eu fui com minha mãe ao médico do DER, que por sinal era um grande intelectual, doutor Geraldo Viana Espeschit. O Dr. Espeschit não era só o médico da empresa, era o médico da família, fazia amizade com todo mundo, gostava muito de mim. Muitos dos livros que eu tenho foram presentes dele, ele era brilhante, publicou livros como poeta, como historiador, como filósofo, foi professor de linguística, e era jornalista, trabalhou muitos anos no jornal Minas Gerais, o Diário Oficial do Estado, escreveu para o Estado de Minas até pouco tempo antes de morrer, e se tornou um grande amigo meu, e estávamos conversando, ele atendendo minha mãe, eu entrei também e vi encima da mesa dele uma revista do DER, porque a Cooperativa do DER, a COOPEDER, tinha uma grana boa e editava uma revista muito bem feita, e eu não conhecia a revista, peguei e notei uma coisa estranha, todas as regionais do DER tinham uma seção qualquer na revista, menos a de Curvelo, então eu falei: “Doutor Espeschit, eu gostaria muito de tentar escrever alguma coisa, e o senhor mandaria para essa revista, para publicar?” Eu tinha uns 14 ou 15 anos, e ele disse “manda pra mim primeiro que eu vou olhar, se der a gente publica” e eu então resolvi escrever alguma coisa, dar algumas notícias, como coisas que aconteciam no DER, um filho de um funcionário que era aprovado num vestibular, essas coisas. Mostrei para ele, que gostou muito da ideia e mostrou para o engenheiro chefe, que por sua vez mandou para a redação e meus artigos começaram a sair, e o que aconteceu? Todo mundo parou de fazer bullying comigo no futebol da cooperativa, porque eu era o cara que dava a notícia do futebol, se o gol foi bonito ou não foi. Não adiantava o sujeito fazer um gol lindo se eu não mandasse a notícia para a revista COOPEDER, dizendo se o gol foi bom, se não foi, se valeu ou não valeu, então eu virei um comentarista esportivo. Eu não dei certo como jogador, mas virei comentarista esportivo. Gostei da brincadeira, e até hoje escrevo. Foi assim que comecei.